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29.11.10

4 – Adeus Chicago!

Já estávamos entrando no avião, por volta do meio dia – e todos os humanos á nossa volta, pareciam olhar para nós como se fôssemos estranhamente – monstruosidades anormais – diferentes... Sei lá, eu não conseguia notar um Extradotado na rua se encontrasse com um – a menos que ele estivesse naquele momento eu-estou-me-transformando-CORRE! Mas aqueles homens pareciam conseguir sentir minha energia anormal. Idiotas.

Estávamos na primeira classe, e Ariela não deixou que uma bolsa fosse levada junto com as malas – pelo menos a mala não era minha, era bastante fora de moda, devo dizer...

Laster – o brutamonte que tinha um belo sorriso por detrás dos óculos escuros – Ariela – minha nova tutora – e eu estávamos sentados em um vão de bancos no avião, esperando que ele decolasse de Chicago - Illinois para Los Angeles – Califórnia, onde provavelmente – muito provavelmente – eu estaria sendo assediada por caras superdotados – e não de o que você pensou – sem camisa e calções que deixavam-os com um belo traseiro - com apenas dons incomuns... Talvez nem tão incomuns...

Ah, uma coisa sobre essa adorável e meticulosamente bela criatura – em poucas palavras – eu, é que: Aviões não são legais. Se pessoas nascessem para voar, elas teriam nascido com asas... Então. Eu estava me sentindo um tanto... nervosa com todo o papo de ir pra um lugar cheio de gente com dons que poderia incinerar minha bela face projetada habilmente por Papai do Céu. E incluir a preocupação de voar com um avião até Los Angeles estava um tanto... drástica.

- Não precisa ficar nervosa. – Laster me disse, com a voz parecendo conter uma espécie de humor.

- Não estou nervosa. – disse com os dentes cerrados.

- Então não precisa esmagar o encosto de braços... – ele olhou para onde minha mão apertava firme.

- Talvez um pouco... – resmunguei.

- Hm... Claire? – Ariela falou meu nome pela primeira vez.

- Tutora. – respondi.

- Tenho que explicar algumas coisas antes de chegarmos... – ela disse, enquanto abria a mala com uma chave pequenina.

E interrompendo-a a aeromoça falou naquela voz detestável: - Senhores passageiros, mantenham-se sentados e com o cinto em seu lugar. Ao caso de turbulência, não movimentarem-se para fora dos bancos, qualquer dúvida perguntem a mim. Decolamos em... 5... 4... 3... 2.. – e os motores se ligavam e o avião entrou eu movimento. Eu ataquei o braço livre me Laster e apertei-o com toda a minha força... E mais dela que aparecia a cada segundo. Tudo de Laster fez foi rir de mim e de meu pavor enquanto todo o avião levantava com um pouco de concavidade de logo tudo ficou normal. Estávamos sobrevoando. AAAH! – minha cabeça gritava e eu não senti as minhas pernas que estavam em volta do cinto.

- E tenham uma boa viagem com a companhia... – continuou a aeromoça;

- Continuando... – Ariela terminou de abrir, e me desvencilhei de Laster, e com a forma mais madura que encontrei de mostrar o quão confiante estava... Mostrei-lhe a língua. – Eu como sua tutora, lhe designei um mentor... – ela me olhou.

- Um mentor? – arqueei a sobrancelha, voltando a sentir minhas pernas.

- Um mentor é basicamente um aluno com um tanto mais de hábito escolar, que vai lhe ajudar a encontrar as salas, se adaptar, ser seu colega de quarto e afins... – ela explicou.

- E quem é a garota? – perguntei deixando meus ombros caírem.

- O nome é Joseph Thompson. – ela disse, revirando alguns papeis dentro da maleta.

- É um nome estranho para uma garota... – fiz careta e Laster riu ao meu lado. Eu olhei indagadora para ele e ele fingiu não ter rido.

- Não é uma garota... – Ariela respondeu, assinando alguns papeis na maleta.

- Quer dizer que meu colega de quarto... É UM CARA? – esbugalhei os olhos.

- Sim, é um garoto. – ela me olhou, sem parecer nem um pouco abalada.

- Sempre achei que a APE fosse uma sociedade conservadora... – cocei o queixo.

- Bem, somos liberais. Mas há regras... – ela disse com o canto dos lábios levantados.

- Regras? – segurei um riso sarcástico – Como podem evitar...hm... melhor dizendo, como podem controlar o índice de natalidade e de DST dentro da escola?

- Senhorita Bennett... – agora Ariela ria – TODOS nossos alunos são Extradotados. Extradotados não sofrem abusos ou violação por garotos ou garotas, jovens como estes não pegam nenhum tipo de DST e engravidam apenas se realmente desejam... – ela exibiu um belo sorriso – E está claro no manual escolar... – ela me alcançou um livro não muito grosso – que é proibido sexo nos dormitórios. Porém, quando jovens realmente desejam fazer algo sem serem realmente descobertos e ainda quebrando uma regra, eles são precavidos e necessariamente usam sua cabeça para pensar. Ao invés de fazer qualquer loucura. A imposição de uma regra é muito mais do que está escrito em um manual... As entrelinhas é que contam. – ela disse por fim, e voltou a olhar para sua maleta com muita papelada a ser assinada.

Bem. Eu estava estupefata (?) pelas seguintes razões:

1. Eu tenho um colega de quarto.

2. Do qual é um cara.

3. Eu tenho um CARA como COLEGA DE QUARTO.

4. As regras da APE são lidas não pelas linhas, mas sim, entrelinhas.

5. Eu estava apavorada por estar NUM AVIÃO.

6. Eu estava apavorada por estar indo embora de Chicago, EM UM AVIÃO.

7. Eu estava com uma tiara estúpida na cabeça que me fazia ficar mais hiperativa que o normal.

8. Eu tinha uma tutora, da qual eu apenas sabia que era bonita e seu nome é Ariela.

9. Eu estava sentada ao lado de um brutamonte com um traseiro legal.

10. Eu estava sendo chamada por minha tutora de PROFETISA.

11. Mesmo eu não sabendo qual é meu dom.

12. Eu não pegaria nenhuma DST.

13. E engravidaria apenas se eu quisesse.

14. O que provavelmente não aconteceria – de qualquer forma.

15. Eu estava indo embora de casa.

16. E agora era uma adolescente emancipada.

Horas se passavam e Ariela, continuava a olhar meu passaporte e gerais documentações sobre mim, como emancipação e diversas outras baboseiras, que iriam cansar de maneira amplificada, minha engenhosa beleza perfeita.

- Hm... Claire? – Ariela chamou, guardando sua caneta. – Sua papelada está em ordem. Vejo que já deu uma olhada no livro de regras... – ela sorriu.

- Só posso dizer uma coisa... – suspirei pesadamente. – Acho que deveriam escrever um manual colocando as entrelinhas NAS linhas.

- Claire, você não pode se basear nas regras. – ela segurou uma gargalhada – É como uma metáfora com sua vida na sociedade... – ela respirou afastando o riso – imagine-se no mudo onde não existem Extradotados, só humanos. Um mundo que você conheceu muito bem até hoje... – assenti – Quando você está com uma tremenda pressa, e encontra uma única vaga no estacionamento, e da qual é preciso pagar, você geralmente dá se um jeito de passar-se batido na situação. Onde você não pague uma multa e nem a vaga; Moral: Regras não são seguidas ao pé da letra e muito menos aprendidas em um manual. A vida e as maneiras de resolver uma situação lhe mostram as regras, aí é o seu bom e mau senso que te redigem.

- Entendo. – disse por fim, compreendendo bem, com meu fantástico cérebro Bennett.

- Ah... – ela disse remexendo em meio aos itens na mala. – Essa maleta é sua. Horários de aula, livros, horários de passeio, horários de visita e tudo mais está bem especificado. Joseph vai ajudar você com todas as coisas que precisar, eu garanto. E tenho uma coisa, que é tradição dos Extras... – ela remexeu na bolsa e retirou uma caixa revestida de veludo vermelho. – É um colar de profetisa. Na verdade não exclusivamente de profetisa. Todos nós temos um, que representa nossos poderes, Laster disse que suas afinidades são com as profecias, e... hm... – ela enrolou a língua.

- Uma profetisa e domadora de tempestades. – ele disse, por trás daqueles óculos escuros. Mas ele era jovem. Não um velho que eu esperava. Mas eu pude sentir a jovialidade em sua voz.

- Espera aí... – eu disse franzindo o cenho – eu tenho DOIS poderes?

- Sim, você unicamente, tem dois. – ele sorriu pra mim.

- Espera aí de novo... – bufei – Como sabem taaaaaaanta coisa sobre mim?! Mal dissemos o meu endereço!

- É o dom de Laster... – Ariela disse baixinho, e Laster abaixou os óculos dele, aí eu pude ver os olhos tremendamente... VIOLETAS?!

- Eu vejo perfis... Posso sentir quando um novo Extradotado está em formação. E posso sentir seus dons queimando dentro de você, esses óculos me ajudam a ver as coisas um pouco mais... Normais. – ele sorriu.

- WOW... – disse apenas, colocando um dedo em sua testa. – pode tirar esses óculos completamente? – tentei empurrar os óculos sobre a ponte de seu nariz, e ele deu um peteleco em meu dedo.

- Não. – ele disse apenas mas afastou o óculos de seus olhos e com o espaço á mostra piscou pra mim. Pisquei pra ele em resposta.

Bem, qual é a surpresa? Eu sou uma fêmea atraente demasiada. Não posso manter o sexo oposto longe. É o instinto, o que uma pobre – linda, com o corpo perfeito, personalidade maravilhosamente perfeita, simpática, e inacreditavelmente hiperativa - garota como eu, pode fazer contra?

Ah... Acrescente nisso, que o cara que estava piscando para mim NÃO era um calouro, e tinha um traseiro consideravelmente bom. E levando em conta os cabelos lisos e negros, com os músculos aparente na camisa, a situação não era excessivamente ruim...

- Quanto tempo eu vou ficar na escola? – perguntei olhando para Ariela.

- Bem, se você continuasse na escola normal, seriam mais um ano e meio se não estou errada, é isto mesmo? – pediu.

- Exato.

- Aproximadamente três anos... – ela disse. – Não é uma má notícia... o campus oferece uma boa remuneração mensal... – ela sorriu.

- Bem... – eu estava com medo de pedir isso – É verdade sobre o que os cientistas falam...?

- Sobre se o corpo do jovem Extradotado, não agüentar ele pode morrer durante ao longo do treinamento? É sobre isso que está perguntando? – assenti – Bem, é. É verídico. Mas temos que estar conscientes que pode acontecer com qualquer um que não se esforçar nesse caminho. E não impomos regras, Claire, profetisa. – ela falou calma. – A escolha é sua, sobretudo. Qual é o futuro que quer? Ou caminha para uma vida Extranatural e magnificamente longa, ou a morte durante o treinamento.

- É simples assim?

- Perdemos muitos alunos assim. – Laster disse – E seria um desperdício grande demais perder uma Dot como você... Uma Dot, completamente única. A única que tem dois dons... – ele disse tamborilando os dedos em meu braço.

- É verdade, Claire. – Ariela batucou na caixinha de veludo vermelho. – Não temos uma profetisa como você. Jamais tivemos. Uma profetisa que tem visões claras, mais que apenas... Pressentimentos. E uma domadora de tempestades... é exclusivamente... inédito. – ela disse. – Tentarei levá-la pelo melhor e mais curto caminho que eu puder...

- Ei... – disse, sentindo orgulho de mim mesma. Bem, quando eu não me deixo orgulhosa? Eu sou ótima! – Obrigada pessoal.

- É um orgulho conhecer você, garota Bennett. – disse Laster, e me fez sentir arrepios bons.

- É um prazer conhecer você também, parrudão.

- Bom, Claire. E como de tradição. Este colar foi feito por Amentia... – e colocou a caixinha em cima de minhas calças jeans rabiscadas.

- E devo agradecer então... – resmunguei sozinha, e disse por fim – Valeu, Ariela.

- Por nada, Profetisa...

Abri a caixinha, e vi um lindo relógio prata – bem ele não era de verdade, era apenas um pingente – e por detrás dele, um tornado furioso era cortado por um raio belo e impetuoso.

- Cara, isso é legal... – disse, brincando com o colar.

- Coloque-o, garota Bennett. – disse Laster sem muita paciência.

- Ok ok, estressadinho... – fiz careta para ele e coloquei em meu pescoço. Ele parecia fazer parte de meu peito. Não deveria tirá-lo mais – pensei. Bem, ele estava na moda. Completamente in.

- Bem... – Ariela falou olhando para seu relógio de pulso – Em duas horas vamos estar em casa.

- Ou minha NOVA casa. – revirei os olhos.

- Ou sua nova casa... – concordou Laster, pondo os fones de ouvido do avião, e recostando seu banco. – Me acorde quando chegarmos.

- O mesmo para mim. – Ariela copiou o movimento, e eu coloquei os fones de meu Ipod, um rock talvez de qualquer banda no ultimo volume.

- Vão sonhando. – revirei os olhos, e retirei de meu bolso um óculos escuro. Coloquei meus tênis Nike em cima do banco, ignorei qualquer olhar de um humano normal – e incluindo o fato de eu estar num avião – peguei o saco de meu bolso e comecei a respirar nele para me acalmar.

E simplesmente dei o ultimo adeus á Chicago;

27.11.10

3 – Bem, não era um pesadelo... Inferno.

Um dia inteiro havia corrido desde que a minha preciosa forma de garota problema, fora transformada em uma maluca e imponente, Extradotada. Depois de tomar um belo banho, minha mãe comprou sete malas e as preencheu com roupas de meu estilo – o contrário do que qualquer mãe faria. Logo ela falara com o representante da APE, e eles já tinham a minha papelada em mãos, antes de eu me tornar... Isto. Estranho – com toda a certeza.

Eu não estava gostando de me manter com aquele pentagrama no meu peito, do qual retirava todas as minhas forças e me deixava mais inválida do que eu geralmente sou. E sem falar que é um atentado contra moda – e, sobretudo, minha esbelta forma de garota adolescente super sexy – hmpf.

Meus pais estavam absurdamente orgulhosos de mim, tipo assim, qual é? Sua filha se torna uma completa... Superdotada (?) e eles ficam completamente contentes com a idéia? E mesmo sabendo que ela vai ter de se mudar para um lugar onde todos são iguais a ela? Bem. Talvez eles ficassem contentes, quando não tivessem mais uma garota tão complexa em frente de seus olhos, por que, imagine companheiro, convivendo com uma filha absolutamente perfeita, a idéia de não ser nem um pouco superior á ela na mente brilhante, mirabolante e frenética, não se obtêm metade da beleza e a atração por adolescentes do sexo oposto, deve ser um tanto desoladora aos pais – ou seja – se sentem fracassados, - comparados á perfeita e sexy filha – que está sendo mandada para um campus do APE...

E eu estava na porta da minha casa – Em Chicago – Illinois – com meus pais – existe a droga de uma maneira educada para dizer que seus pais estão idiotamente felizes? – na espera que o pessoal da APE – digamos minha futura tutora e os mercenários que cuidam da droga do colégio dos Extradotados.

Então, eu já tinha me despedido de quem realmente importava – e quem não tinha medo ou nojo de mim. Que ótimo – estou usando a droga do sarcasmo, companheiro. Ou seja, essas pessoas se resumem á: meus pais, meus avôs, e os garotos do colégio – com exceção de Tyler McField – que acharam fatalmente legal a idéia de eu ter me tornado uma adolescente letal.

E aí, nada mais faltava. Eu tinha mesmo que aturar aquela maldição de pentagrama pendurado em meu pescoço – que eu sentia que sugava toda a minha energia, e drenava minhas emoções e eu me perguntava qual era a maldição de dom que eu tinha. Mas eu sabia que se eu tirasse a droga do pentagrama, ele simplesmente deixaria que minha casa se tornasse algo semelhante ao refeitório – mais uma vez: ÓTIMO.

Lista de coisas básica e essenciais para levar ao APE:

· Dicionário segundo Claire Bennett;

· Ipod;

· Coleção de óculos de sol;

· Sete malas de roupas, sapatos, objetos pessoais e num geral;

· Coleção de CD´s Blink 182;

· Dez livros com conteúdo ainda não lido;

· Iphone;

· Câmera digital;

· Shampoo de babosa & tintura capilar rosa flamingo;

· Notebook;

· Palm top;

· Um mapa de Los Angeles - Califórnia;

· GPS;

· 1000 dólares em dinheiro vivo;

· Lençol de 100% algodão;

· Colírio;

E por ultimo e não menos importante:

· Coleção de maiô e biquíni.

Bem, eu estava indo para Los Angeles - Califórnia, e obviamente eu iria parar em algo que se relacionasse a piscina ou mar. Então, como a fantástica garota Bennet é: completamente preparada.

- Eles chegaram! – minha mãe guinchou olhando pela janela, e bateu palmas de excitação. AAAARRRGG!

- Ok, mãe. – disse respirando fundo e segurei firme no braço do sofá, e me levantei. Aquele pentagrama estava se tornando um problema sério. – Já entendi.

Segurei minha bolsa estampada com chapéus de cowboys e caminhei até a porta que estava sendo batida. E minha mãe com uma felicidade extrema, abriu-a.

- Senhora Bennett – a voz de uma mulher era respeitosa, e quando pude vê-la, percebi que ela era jovem e linda. Nossa – pensei – talvez esse troço de Extradotada ajude com a aparência das pessoas, bem, em minha maravilhosa face, porém, não há nada a ser mudado. – Eu sou Ariela, a tutora de Claire.

- É um grande prazer conhecê-la Ariela.

- E a senhora deve ser Louise e o senhor Richard...? – ela inquiriu. A mulher tinha cabelos muito vermelhos, poderia facilmente me confundir entre uma labareda e os cabelos dela. E seus olhos eram cobre. Estranhamente cobre. Feições finas e alongadas, e um busto grande demais – para meu gosto. Na verdade, bustos estão fora do meu gosto. Meu pai cumprimentou Ariela-cabelos-de-fogo, e ela olhou para mim.

- E você é a tão falada Profetisa, certo? – ela sorriu para mim, convidativa. De um jeito que me pareceu até... Materno.

- Eu? Falada? Profetisa?

E ela iria me explicar... Quando seus olhos se chocaram com o pentagrama no meu peito, seu rosto lívido e contente ficou... Pasmo (?)

- Querida, á quanto tempo está usando isso? – ela olhou para um brutamonte que estava atrás dela, que eu ainda nem tinha dado conta da existência, e o cara automaticamente saiu porta á fora, atrás de óculos escuros sociais, e voltou para dentro com uma tiarinha de metal. Bem, para ser mais específica, era apenas uma argola de metal – Isso deve estar te deixando fraca demais! – ela exasperou e pegou da mão do homem a tal tiarinha.

- Bem, há um dia e meio, mas não precisamos dessa coisa pra controle? – arqueei a sobrancelha.

- Esse pentagrama é um estilo completamente retrógrado. Temos que entrar em contato com o pessoal que lhe arranjou isto, profetisa. Temos tecnologia mais proveniente á muito tempo. – ela incumbiu. Caminhou para perto de mim, colocou a tiara, e com leveza retirou aquele inferno de pentagrama, me fazendo sentir-me viva de um segundo á outro. Como se eu estivesse bebido um energético e ele estivesse fazendo imediato efeito. Senti minha aura corporal se tornou forte, e eu me senti... não-humana... como eu vou explicar? Quando eu era humana, eu não me sentia tão... forte (?) Bem, eu me sentia mais bonita – o que eu achava ser impossível. Hmpf. – Melhor? – ela pediu.

- Muito. – e eu remexi os ombros com as pilhas carregadas.

- Que bom. – ela sorriu. – Bem, Senhor Richard e Senhora Louise... sinto por não poder ficar para conversar mais... Mas o passaporte e a des-alienação de Claire foram entregues para o representante da APE de Chicago e estão no carro... E nosso vôo sai em vinte minutos, temos que nos apressar e rezar para que o transito esteja bom. – ela disse, parecendo um pouco preocupada, e como apenas minha mãe fez nesse ultimo um dia e meio, ela colocou as mãos em meus ombros e olhou para mim. – Profetisa, despeça-se de seus pais, onde estão suas bagagens? Laster precisar colocá-la na BMW... – apontei para o canto com tantas malas. Ela não pareceu surpresa, o cara que eu descobri ser Laster, caminhou até as malas e pegou quatro de uma vez. Meus olhos saltavam das orbitas, mas me mantive em calma.

Ela soltou meus ombros e saiu pela porta, me dando um olhar encorajador.

- Hm... – disse engolindo seco e olhando na direção de meus pais – Acho que está na hora. – e vi meu pai derramando lágrimas como minha mãe – Hey animem-se! Eu não estou me casando! – eles riram um pouco, e meu pai sorriu.

- Minha menina problema, eu vou sentir saudades... – eu não esperei que ele fizesse contato físico. E ele não o fez, mas soprou um beijo em minha direção.

- Bem, querida. Vamos lhe visitar em breve. – ela sorriu e limpou as lágrimas de seus olhos castanhos, e tirou os cabelos louros que colaram nas lágrimas.

- Uma ligação basta, mãe. – sorri. – Bem, tchau então; - disse e saí porta a fora sem dizer mais nada.

20.11.10

2 – Extradotada por acidente.

- Alô? – eu disse no telefone da direção – Mãe... Hm... sou eu. A Claire.

- Ah, oi bebê... – ela disse, como eu mais detestava – O que foi dessa vez? – ela evitou a expressão cansada, mais falhou.

- Mãe... – eu pedi clamando – papai pode cuidar da empresa hoje?

- Claro, meu anjo. O que está havendo? – ela notou. Yuck! Que droga. – Sua voz parece tensa.

- Eu... meio que... hm... – procurei as palavras – eu meio que... tipo assim... me transformei.

- Transformou? – ela pediu, confusa – Tipo, cortou o cabelo, ou pintou? Algo assim?

- Não... bem... huh... – eu disse – como é que eu vou falar?

- Apenas fale o que houve meu bem...

- Eu me transformei em uma Extradotada – disse for fim, e um longo silencio se prolongou no telefone.

- Estou indo aí. – ela disse e desligou.

Eu respirei fundo, e deslizei mais pela cadeira da sala de detenção. Ah claro... eu estava descabelada, completamente coberta com umas correntes eletromagnéticas que eu sequer poderia entender, e a droga mais profunda, é que eu tinha me transformado numa daquelas coisas bizarras.

- Ligou pra ela? – o diretor abriu a porta e me olhou.

- Sim. Eu liguei. – todos sabiam que quando um adolescente tem a repentina transformação, ele não consegue controlar nada. Absolutamente nada. Então tudo se desencadeia e as emoções são a chave. E o contato físico é algo totalmente evitável... Quanto mais o contato físico é exercido, tanto o novo Extradotado quanto o humano aplicado, não se sentem devidamente “bem”.

- Temos algumas coisas para acertar com ela, senhorita Bennett. – o diretor falou.

- Yeah, eu sei.

- Inclusive vamos alertá-la de como bateu com o bastão de basebol na cabeça da senhorita Stewart... – ele disfarçou o riso.

- Bem, eu me orgulho disso. – analisei meus tênis Adidas, que estavam um tanto anormais, e ri um pouco.

- Minha irmã é uma Extra também... – ele disse do nada.

- Tá falando sério? – disse incrédula.

- Seriíssimo. – ele sorriu – ela é uma tutora hoje.

- Qual é o... Hm... Você sabe... O dom dela...? – pedi, me sentindo idiota.

- Ela cura. Qualquer coisa, de qualquer um.

- Hm... Legal. – disse apenas;

- Tem alguém que quer falar com você... – ele se endireitou – apenas se lembre... Sem contato...

- Físico. – completei e assenti, revirando os olhos.

- Bem... Até logo então. – ele disse abriu a porta e saiu.

Até esperei quem seria: Tyler.

- Oi? – ele disse entrando. E a raiva que cresceu em mim, pela lembrança daquele olhar de nojo, fulminou-o, mas o colar de pentagrama sugou toda a energia que eu pus pra fora. Bem, inferno.

- Oi. – respondi dura e fria.

- Bem... Então você mudou. – ele falou se colocando na outra poltrona. Na mais distante.

- Sim, eu sou uma Extradotada. – respondi.

- Bem... Podemos resolver isso, você sabe... – ele disse levantando os ombros.

- Sim, eu vou pra Academia Preparatória pra Extras. – respondi, sem olhar em seus olhos.

- Não. – ele falou – Quero dizer... Uma cura...

- Você é idiota ou maluco?! – arfei – isso não é uma doença!

- Não é? – ele levantou o cenho – Mas você parece doente, com essa coisa toda... Uma bizarrice...

- Uma bizarrice? – guinchei. – Acho que não vai mais querer namorar uma.

- Desculpe... – ele disse. – Eu não quis te chamar de aberração...

- Bem, você quis colocar as mãos nos peitos dessa aberração na hora do intervalo. Acho que opiniões mudam. – o fuzilei com os olhos.

- Desculpe ok? – ele disse parecendo irritado.

- Você não vai conseguir lidar com isso. Eu sei. – disse me levantando da poltrona, mesmo me sentindo fraca, dei de dedo em seu rosto – Vamos terminar isso agora, antes que me chame de monstruosidade ou coisa parecida.

DEUS! Como eu estava sendo hipócrita! Eu mesma estaria ficando com medo, e de certa forma até nojo de um Extradotado... E agora eu estava falando mal de Tyler por ele sentir isso de mim... Qual era a minha, afinal? Mas eu tinha mudado de idéia... Porque eu era aquela coisa mesmo. Eu não tinha escolha...

- O QUÊ? – ele disse incrédulo – SÓ POR QUE VIROU ESSA... COISA... ACHA QUE PODE TERMINAR COMIGO?! ESTÁ ERRADA, CLAIRE. SOU EU QUE DOU OS PONTAPÉS AQUI!

- Que seja! – disse indignada enquanto eu dei um passo em sua direção e o pentagrama tomou mais de minha energia raivosa. – Eu não o amo o suficiente para ficar escutando você me chamando de anormal e derivado, seu... GALINHA!

- EU? GALINHA? – ele berrou – EU NÃO SOU GALINHA DROGA NENHUMA!

- Sabe?! Por que não vai apertar os peitos enormes de Luce Stewart? Não é uma boa idéia?

- Eu gosto de você! – ele berrou.

- Pelo menos, gostava. – eu disse, com os dentes cerrados – Por que se gostasse mesmo de mim, não faria nada de como, por exemplo... Chamar-me de coisa, bizarrice e anormal. – exemplifiquei.

- É isso mesmo que você quer? – ele disse parando de fazer escultura em seu cabelo.

- Não... – sussurrei um pouco, e de forma quase inaudível – Mas eu vou me mudar. Tudo vai mudar. – mandei – e você sabe disso...

- Eu sei.

- Mas e agora... Eu te pergunto... VOCÊ quer continuar?

- Eu gosto muito de você, minha fantástica garota Bennett... – e aquilo que ele disse, fez total sentido pra mim.

-... mas não vale a pena continuar. – eu disse.

Ele assentiu, e eu senti o nojo nos seus olhos.

- Você vai ver Tyler, um Extradotado não é nojento e nem anormal... – fitei-o com os olhos comprimidos em linhas.

- Por que não seria?

- Ele não deixa de ser humano. – um sorriso se brotou em meus lábios – Ele evolui!

Ele tentou falar algo, mas minha mãe abriu a porta e sem dar sentido á nenhuma regra, ela me agarrou e como a mãe que ela era disse: - Estou tão orgulhosa de você!

- Bem... Então acabamos por aqui? – perguntei á Tyler que saia da sala.

Ele disse apenas: - Boa sorte. – acenou com a cabeça e um sorriso estranho, e se foi. E foi assim que Tyler McField saiu de minha vida.

- Por que estaria orgulhosa de mim, mãe? – segurei as lágrimas. Caramba! Eu não sou uma garota que se permita chorar! Mas minha voz saiu emaranhada, e eu não me permitiria chorar jamais... meu rímel e nem o delineador pretos, eram á prova d’água.

- Finalmente uma Bennett se sobressaiu! – ela guinchou alegre.

- E isso é bom?

- Maravilhosamente.

- Hm... Desculpe interromper Senhora Bennett. – o diretor falou – Mas o concerto do refeitório precisa ser pago...

- Quanto deu? – pediu minha mãe apática.

Dinheiro nunca foi problema. Meus pais têm uma empresa de arquitetos – e eles sonham que eu seja uma, bem, e com todo esse troço de Extradotada, muda um tanto meus planos de vida, se é que me entende – e com isto, eles ganham um bom dinheiro, nos dando umas características de Classe Alta - Alta.

Eles conversaram e ela assinou o cheque.

- Vamos? – minha mãe me chamou, segurando algumas papeladas assinadas pelo diretor.

- E o resto do dia de aula? – disse pasma.

- Acha mesmo que uma Extradotada como você vai ter de acabar os estudos no meio deles? – ela riu – Pois eu acho que não... Temos muito que fazer antes de você ir...

- Que tipos de coisa?

- Ir ao shopping, falar com o representante da APE – tradução: Academia Preparatória de Extradotados – do condado local de Chicago, e tanto a se preparar...

Eu simplesmente fechei os olhos desejando que se eu estivesse num pesadelo, eu acordasse logo...

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