Páginas

29.11.10

4 – Adeus Chicago!

Já estávamos entrando no avião, por volta do meio dia – e todos os humanos á nossa volta, pareciam olhar para nós como se fôssemos estranhamente – monstruosidades anormais – diferentes... Sei lá, eu não conseguia notar um Extradotado na rua se encontrasse com um – a menos que ele estivesse naquele momento eu-estou-me-transformando-CORRE! Mas aqueles homens pareciam conseguir sentir minha energia anormal. Idiotas.

Estávamos na primeira classe, e Ariela não deixou que uma bolsa fosse levada junto com as malas – pelo menos a mala não era minha, era bastante fora de moda, devo dizer...

Laster – o brutamonte que tinha um belo sorriso por detrás dos óculos escuros – Ariela – minha nova tutora – e eu estávamos sentados em um vão de bancos no avião, esperando que ele decolasse de Chicago - Illinois para Los Angeles – Califórnia, onde provavelmente – muito provavelmente – eu estaria sendo assediada por caras superdotados – e não de o que você pensou – sem camisa e calções que deixavam-os com um belo traseiro - com apenas dons incomuns... Talvez nem tão incomuns...

Ah, uma coisa sobre essa adorável e meticulosamente bela criatura – em poucas palavras – eu, é que: Aviões não são legais. Se pessoas nascessem para voar, elas teriam nascido com asas... Então. Eu estava me sentindo um tanto... nervosa com todo o papo de ir pra um lugar cheio de gente com dons que poderia incinerar minha bela face projetada habilmente por Papai do Céu. E incluir a preocupação de voar com um avião até Los Angeles estava um tanto... drástica.

- Não precisa ficar nervosa. – Laster me disse, com a voz parecendo conter uma espécie de humor.

- Não estou nervosa. – disse com os dentes cerrados.

- Então não precisa esmagar o encosto de braços... – ele olhou para onde minha mão apertava firme.

- Talvez um pouco... – resmunguei.

- Hm... Claire? – Ariela falou meu nome pela primeira vez.

- Tutora. – respondi.

- Tenho que explicar algumas coisas antes de chegarmos... – ela disse, enquanto abria a mala com uma chave pequenina.

E interrompendo-a a aeromoça falou naquela voz detestável: - Senhores passageiros, mantenham-se sentados e com o cinto em seu lugar. Ao caso de turbulência, não movimentarem-se para fora dos bancos, qualquer dúvida perguntem a mim. Decolamos em... 5... 4... 3... 2.. – e os motores se ligavam e o avião entrou eu movimento. Eu ataquei o braço livre me Laster e apertei-o com toda a minha força... E mais dela que aparecia a cada segundo. Tudo de Laster fez foi rir de mim e de meu pavor enquanto todo o avião levantava com um pouco de concavidade de logo tudo ficou normal. Estávamos sobrevoando. AAAH! – minha cabeça gritava e eu não senti as minhas pernas que estavam em volta do cinto.

- E tenham uma boa viagem com a companhia... – continuou a aeromoça;

- Continuando... – Ariela terminou de abrir, e me desvencilhei de Laster, e com a forma mais madura que encontrei de mostrar o quão confiante estava... Mostrei-lhe a língua. – Eu como sua tutora, lhe designei um mentor... – ela me olhou.

- Um mentor? – arqueei a sobrancelha, voltando a sentir minhas pernas.

- Um mentor é basicamente um aluno com um tanto mais de hábito escolar, que vai lhe ajudar a encontrar as salas, se adaptar, ser seu colega de quarto e afins... – ela explicou.

- E quem é a garota? – perguntei deixando meus ombros caírem.

- O nome é Joseph Thompson. – ela disse, revirando alguns papeis dentro da maleta.

- É um nome estranho para uma garota... – fiz careta e Laster riu ao meu lado. Eu olhei indagadora para ele e ele fingiu não ter rido.

- Não é uma garota... – Ariela respondeu, assinando alguns papeis na maleta.

- Quer dizer que meu colega de quarto... É UM CARA? – esbugalhei os olhos.

- Sim, é um garoto. – ela me olhou, sem parecer nem um pouco abalada.

- Sempre achei que a APE fosse uma sociedade conservadora... – cocei o queixo.

- Bem, somos liberais. Mas há regras... – ela disse com o canto dos lábios levantados.

- Regras? – segurei um riso sarcástico – Como podem evitar...hm... melhor dizendo, como podem controlar o índice de natalidade e de DST dentro da escola?

- Senhorita Bennett... – agora Ariela ria – TODOS nossos alunos são Extradotados. Extradotados não sofrem abusos ou violação por garotos ou garotas, jovens como estes não pegam nenhum tipo de DST e engravidam apenas se realmente desejam... – ela exibiu um belo sorriso – E está claro no manual escolar... – ela me alcançou um livro não muito grosso – que é proibido sexo nos dormitórios. Porém, quando jovens realmente desejam fazer algo sem serem realmente descobertos e ainda quebrando uma regra, eles são precavidos e necessariamente usam sua cabeça para pensar. Ao invés de fazer qualquer loucura. A imposição de uma regra é muito mais do que está escrito em um manual... As entrelinhas é que contam. – ela disse por fim, e voltou a olhar para sua maleta com muita papelada a ser assinada.

Bem. Eu estava estupefata (?) pelas seguintes razões:

1. Eu tenho um colega de quarto.

2. Do qual é um cara.

3. Eu tenho um CARA como COLEGA DE QUARTO.

4. As regras da APE são lidas não pelas linhas, mas sim, entrelinhas.

5. Eu estava apavorada por estar NUM AVIÃO.

6. Eu estava apavorada por estar indo embora de Chicago, EM UM AVIÃO.

7. Eu estava com uma tiara estúpida na cabeça que me fazia ficar mais hiperativa que o normal.

8. Eu tinha uma tutora, da qual eu apenas sabia que era bonita e seu nome é Ariela.

9. Eu estava sentada ao lado de um brutamonte com um traseiro legal.

10. Eu estava sendo chamada por minha tutora de PROFETISA.

11. Mesmo eu não sabendo qual é meu dom.

12. Eu não pegaria nenhuma DST.

13. E engravidaria apenas se eu quisesse.

14. O que provavelmente não aconteceria – de qualquer forma.

15. Eu estava indo embora de casa.

16. E agora era uma adolescente emancipada.

Horas se passavam e Ariela, continuava a olhar meu passaporte e gerais documentações sobre mim, como emancipação e diversas outras baboseiras, que iriam cansar de maneira amplificada, minha engenhosa beleza perfeita.

- Hm... Claire? – Ariela chamou, guardando sua caneta. – Sua papelada está em ordem. Vejo que já deu uma olhada no livro de regras... – ela sorriu.

- Só posso dizer uma coisa... – suspirei pesadamente. – Acho que deveriam escrever um manual colocando as entrelinhas NAS linhas.

- Claire, você não pode se basear nas regras. – ela segurou uma gargalhada – É como uma metáfora com sua vida na sociedade... – ela respirou afastando o riso – imagine-se no mudo onde não existem Extradotados, só humanos. Um mundo que você conheceu muito bem até hoje... – assenti – Quando você está com uma tremenda pressa, e encontra uma única vaga no estacionamento, e da qual é preciso pagar, você geralmente dá se um jeito de passar-se batido na situação. Onde você não pague uma multa e nem a vaga; Moral: Regras não são seguidas ao pé da letra e muito menos aprendidas em um manual. A vida e as maneiras de resolver uma situação lhe mostram as regras, aí é o seu bom e mau senso que te redigem.

- Entendo. – disse por fim, compreendendo bem, com meu fantástico cérebro Bennett.

- Ah... – ela disse remexendo em meio aos itens na mala. – Essa maleta é sua. Horários de aula, livros, horários de passeio, horários de visita e tudo mais está bem especificado. Joseph vai ajudar você com todas as coisas que precisar, eu garanto. E tenho uma coisa, que é tradição dos Extras... – ela remexeu na bolsa e retirou uma caixa revestida de veludo vermelho. – É um colar de profetisa. Na verdade não exclusivamente de profetisa. Todos nós temos um, que representa nossos poderes, Laster disse que suas afinidades são com as profecias, e... hm... – ela enrolou a língua.

- Uma profetisa e domadora de tempestades. – ele disse, por trás daqueles óculos escuros. Mas ele era jovem. Não um velho que eu esperava. Mas eu pude sentir a jovialidade em sua voz.

- Espera aí... – eu disse franzindo o cenho – eu tenho DOIS poderes?

- Sim, você unicamente, tem dois. – ele sorriu pra mim.

- Espera aí de novo... – bufei – Como sabem taaaaaaanta coisa sobre mim?! Mal dissemos o meu endereço!

- É o dom de Laster... – Ariela disse baixinho, e Laster abaixou os óculos dele, aí eu pude ver os olhos tremendamente... VIOLETAS?!

- Eu vejo perfis... Posso sentir quando um novo Extradotado está em formação. E posso sentir seus dons queimando dentro de você, esses óculos me ajudam a ver as coisas um pouco mais... Normais. – ele sorriu.

- WOW... – disse apenas, colocando um dedo em sua testa. – pode tirar esses óculos completamente? – tentei empurrar os óculos sobre a ponte de seu nariz, e ele deu um peteleco em meu dedo.

- Não. – ele disse apenas mas afastou o óculos de seus olhos e com o espaço á mostra piscou pra mim. Pisquei pra ele em resposta.

Bem, qual é a surpresa? Eu sou uma fêmea atraente demasiada. Não posso manter o sexo oposto longe. É o instinto, o que uma pobre – linda, com o corpo perfeito, personalidade maravilhosamente perfeita, simpática, e inacreditavelmente hiperativa - garota como eu, pode fazer contra?

Ah... Acrescente nisso, que o cara que estava piscando para mim NÃO era um calouro, e tinha um traseiro consideravelmente bom. E levando em conta os cabelos lisos e negros, com os músculos aparente na camisa, a situação não era excessivamente ruim...

- Quanto tempo eu vou ficar na escola? – perguntei olhando para Ariela.

- Bem, se você continuasse na escola normal, seriam mais um ano e meio se não estou errada, é isto mesmo? – pediu.

- Exato.

- Aproximadamente três anos... – ela disse. – Não é uma má notícia... o campus oferece uma boa remuneração mensal... – ela sorriu.

- Bem... – eu estava com medo de pedir isso – É verdade sobre o que os cientistas falam...?

- Sobre se o corpo do jovem Extradotado, não agüentar ele pode morrer durante ao longo do treinamento? É sobre isso que está perguntando? – assenti – Bem, é. É verídico. Mas temos que estar conscientes que pode acontecer com qualquer um que não se esforçar nesse caminho. E não impomos regras, Claire, profetisa. – ela falou calma. – A escolha é sua, sobretudo. Qual é o futuro que quer? Ou caminha para uma vida Extranatural e magnificamente longa, ou a morte durante o treinamento.

- É simples assim?

- Perdemos muitos alunos assim. – Laster disse – E seria um desperdício grande demais perder uma Dot como você... Uma Dot, completamente única. A única que tem dois dons... – ele disse tamborilando os dedos em meu braço.

- É verdade, Claire. – Ariela batucou na caixinha de veludo vermelho. – Não temos uma profetisa como você. Jamais tivemos. Uma profetisa que tem visões claras, mais que apenas... Pressentimentos. E uma domadora de tempestades... é exclusivamente... inédito. – ela disse. – Tentarei levá-la pelo melhor e mais curto caminho que eu puder...

- Ei... – disse, sentindo orgulho de mim mesma. Bem, quando eu não me deixo orgulhosa? Eu sou ótima! – Obrigada pessoal.

- É um orgulho conhecer você, garota Bennett. – disse Laster, e me fez sentir arrepios bons.

- É um prazer conhecer você também, parrudão.

- Bom, Claire. E como de tradição. Este colar foi feito por Amentia... – e colocou a caixinha em cima de minhas calças jeans rabiscadas.

- E devo agradecer então... – resmunguei sozinha, e disse por fim – Valeu, Ariela.

- Por nada, Profetisa...

Abri a caixinha, e vi um lindo relógio prata – bem ele não era de verdade, era apenas um pingente – e por detrás dele, um tornado furioso era cortado por um raio belo e impetuoso.

- Cara, isso é legal... – disse, brincando com o colar.

- Coloque-o, garota Bennett. – disse Laster sem muita paciência.

- Ok ok, estressadinho... – fiz careta para ele e coloquei em meu pescoço. Ele parecia fazer parte de meu peito. Não deveria tirá-lo mais – pensei. Bem, ele estava na moda. Completamente in.

- Bem... – Ariela falou olhando para seu relógio de pulso – Em duas horas vamos estar em casa.

- Ou minha NOVA casa. – revirei os olhos.

- Ou sua nova casa... – concordou Laster, pondo os fones de ouvido do avião, e recostando seu banco. – Me acorde quando chegarmos.

- O mesmo para mim. – Ariela copiou o movimento, e eu coloquei os fones de meu Ipod, um rock talvez de qualquer banda no ultimo volume.

- Vão sonhando. – revirei os olhos, e retirei de meu bolso um óculos escuro. Coloquei meus tênis Nike em cima do banco, ignorei qualquer olhar de um humano normal – e incluindo o fato de eu estar num avião – peguei o saco de meu bolso e comecei a respirar nele para me acalmar.

E simplesmente dei o ultimo adeus á Chicago;

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivão